Violência contra a pessoa idosa: importante falar sobre?

violência contra o idoso
Violência contra o idoso

Considerações iniciais sobre a violência

A violência contra  a pessoa idosa é um dos maiores problemas (in)visíveis aos olhos da sociedade.

É um fenômeno mundial que se dissemina nas mais variadas formas. Muitas vezes disfarçadas e, por isso, acabam por banalizar tão sério problema capaz de produzir efeitos deletérios no ser humano.

O tema é bem relevante, mas ainda caminha-se lentamente para a  uma reflexão mais contextual da questão. Isto porque a viabilização das políticas públicas e o enfrentamento da situação com rigor e seriedade, constitui um dos maiores desafios nos dias atuais.

A violência não é um assunto novo, contudo ainda é uma temática pouco valorizada. Ela faz parte da existência humana.

A violência interpessoal é uma importante questão social e um relevante problema de saúde pública que afeta sobremaneira os indivíduos envolvidos na situação. Por isso, é tão importante um olhar atento.

É uma problemática observada em vários países, independentemente da situação econômica. Teoricamente, o lar se apresenta como espaço de proteção. Contudo, esse é o local onde os episódios acontecem com maior frequência.

A despeito da violência ser vivenciada no mundo inteiro, nos países em desenvolvimento a situação é de maior gravidade. No entanto, o maior agravante é o temor que os idosos têm de denunciar os maus-tratos cometidos pela família, amigos ou autoridades, porque falta uma estrutura que possa ampará-los

Tipologia da violência

Geralmente a violência se apresenta nas mais variadas formas como o abuso físico, psicológico, financeiro, sexual, o abandono, a negligência e a auto negligência.

Violência física

O abuso físico é o tipo de violência visível. Essa, geralmente, é a que mais causa indignação e por isso, às vezes, é destaque na mídia. Porém, muitos casos não são notificados

As formas mais comuns desse ato são os empurrões, beliscões, arremesso de objetos, tapas e até o uso de facas ou armas de fogo. Geralmente, os principais perpetradores. são os familiares. Mas, Alguns episódios também ocorrem em Instituições.

Violência psicológica

O abuso psicológico é uma das formas mais difíceis de se identificar, visto que pode acontecer repetidas vezes sem que qualquer pessoa enxergue ou ouça, pois é facilmente camuflada. Está relacionado à forma perversa de um indivíduo lidar com o outro.

Os atos mais comuns são o desprezo, menosprezo, e a discriminação. Sua prática pode produzir efeitos deletérios com consequências drásticas, que vão desde o aparecimento de sintomas depressivos até o suicídio consumado. É uma das causas mais denunciadas. ao Disque 100.

Violência financeira

O abuso financeiro é uma forma comum de violência. Este tipo de violência é observada quando algum indivíduo se apropria indevidamente dos bens dos idosos, sobretudo aqueles vulneráveis. Na maioria das vezes começa a acontecer com a anuência do idoso; entretanto, a situação tende a perder o controle. Sendo identificada somente quando os recursos dos idosos já estão completamente comprometidos.

Violência sexual

No que tange à violência sexual, os registros são ínfimos. Porém, é um dos tipos de violência que as pessoas não imaginam acontecer e, certamente, os casos são subnotificados. Pode acontecer no domicílio do idoso e existem também ocorrência nas instituições geriátricas. Geralmente, as vítimas são as mulheres acamadas ou com comprometimento cognitivo. Os atos cometidos vão desde os beijos forçados até o estupro.

Abandono

O abandono é também um dos tipos de violência mais perceptíveis. O abandono se configura pelo descaso. Muitos idosos são largados à própria sorte em seus domicílios. Até as ruas já começam a se transformar em lugar comum. O abandono e a negligência, de certa forma, são atos que se sobrepõem, uma vez que o abandono também pode ser considerado um ato de negligência.

Negligência

A negligência está diretamente relacionada à omissão de socorro e a ausência do cuidado. Os atos negligentes ocorrem quando se deixa o indivíduo sem alimentação e medicações, assim como deixar sua higiene pessoal precária.

Enfim, tudo o que esteja relacionado à falta de atenção e que possa ocasionar prejuízos. É um tipo de violência muito comum tanto no domicílio do idoso, quanto em instituições.

O Estado, quando deixa de cumprir o seu papel de rede de proteção também perpetra violência contra os cidadãos idosos.

No Brasil, há um importante marco regulatório sobre os direitos da pessoa idosa. Entretanto, via de regra, o Estado é omisso.

Autonegligência

 No caso da autonegligência se faz importante um olhar minucioso, pois esta consiste no fato do indivíduo negar-se a realizar determinado procedimento como, por exemplo, alimentar-se, medicar-se ou se cuidar. Tratando-se de um caso onde não é outra pessoa que maltrata, mas sim a própria pessoa que comete atos de violência contra si própria.

A autonegligência pode estar associada a outras situações de violência que podem ocasionar sintomas depressivos e processos autodestrutivos. Portanto, considera-se autonegligência quando se trata de indivíduo sem perda cognitiva e capaz de responder por seus atos

Atenção aos sinas da violência

A perpetração da violência conta a pessoa idosa é um ato mais comum do que se pode imaginar. Todavia, ainda merece muita atenção. Por isso, ficar atento aos sinais e sintomas é a melhor prevenção ao ato.

Atraso para  procurar assistência médica

É muito importe que o profissional avalie se houve demora proposital para buscar atendimento, pois isso pode configurar negligência.

Relato do da ocorrência de acidentes

É imprescindível, na presença de hematomas, fraturas ou lacerações que a história relatada seja compatível com o exame realizado, pois as explicações não plausíveis, inadequadas ou vagas podem fornecer indícios da prática de maus-tratos.

Importante também estar atento à perda de peso ou desnutrição, baixa adesão ao tratamento. Ademais, o estado geral precário da pessoa em avaliação pode ser um indicativo de abandono e negligência.

Texto: Maria Angélica Sanchez – O conteúdo completo pode ser obtido em
SANCHEZ, M
AS
; FRIAS, SR. Violência contra a pessoa idosa. In: Daniel Kitner; Omar Jaluul. (Org.). Programa de Atualização em Geriatria e Gerontologia. 1ªed.Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2015, v. 3, p. 9-54.

Outras informações sobre violência podem ser acessadas em
SANCHEZ, M
AS
; PAIXAO JUNIOR, CM. Violência interpessoal. In: Lourenço RA; Sanchez MAS; Paixão Jurnior CM. (Org.). Rotinas Hospitalares – Hospital Pedro Ernesto. 1ed.Rio de Janeiro: Triunfo, 2018, v. VI, p. 392-400. Acessando o link abaixo você tem acesso aos dois volumes dos livro.

https://www.geronlab.com/publicaccedilotildees.html

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/junho/cartilhacombateviolenciapessoaidosa