A violência contra a pessoa idosa é um fenômeno mundial, multivariado e antigo, e a falta de visibilidade desta situação acaba por banalizar tão sério problema. Ainda que o Brasil tenha concebido em anos recentes políticas públicas bem desenhadas e manuais ministeriais com um conjunto de estratégias de enfrentamento, a sua viabilização efetiva constitui um dos maiores desafios nos dias atuais. Apesar de ser um tema pouco explorado, a violência sempre fez parte das relações humanas. Contudo, questões diversas, de ordem sociocultural, adiaram uma discussão mais profunda sobre suas causas, formas e efeitos adversos. Apenas mais recentemente a violência doméstica, nas diversas formas de apresentação, passou a ser considerada uma importante questão social e um problema de saúde pública. No Brasil, as bases de orientação para o enfrentamento do problema podem ser resumidas em um conjunto de portarias, leis e manuais. Tais instrumentos estão disponíveis para os profissionais que desejam lidar com o problema
São inúmeras as definições para violência. Este conceito parece estar em construção. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1996, o definiu como “todo ato de uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação”. Não obstante a ausência de consenso sobre uma definição do que seja violência doméstica, as formas de cometê-la são variadas, independente de classe social, raça ou sexo. Há um conjunto de situações que podem indicar a presença de atos violentos, tais como: abuso físico, psicológico, financeiro, sexual, abandono, negligência e autonegligência.
A violência é praticada nos mais diferentes cenários, estimulada ainda por padrões socioculturais; nas instituições nas quais idosos estão internados para tratamento ou asilamento, na própria residência ou coabitando com parentes. Ainda que no Brasil os estudos sobre o tema sejam escassos, há indícios de que o ambiente doméstico – teoricamente apresentado como um espaço de proteção – é o local onde os episódios acontecem com maior frequência.
Ainda se sabe pouco a respeito da dinâmica e das causas de abusos perpetrados e, por conseguinte, como preveni-los. No atual sistema de saúde brasileiro esbarra-se em uma estrutura de atendimento precária e são mínimas as ações programáticas para a população idosa. Almeja-se, no entanto, o desenvolvimento de ações de promoção de saúde e prevenção de agravos. Para que se evitem as consequências deletérias produzidas pela prática de maus-tratos, o rastreamento e a avaliação da violência doméstica se constitui como estratégia possível de proteção da pessoa idosa incluída na dinâmica da avaliação da saúde para a investigação dos casos de maus-tratos, seguida de intervenção que seja realizada na própria unidade de atendimento ou em unidades especializadas.
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