A prática multidisciplinar com idosos

Não se concebe falar em prática multidisciplinar com a população que envelhece sem citar a britânica Marjory Warren. Uma das primeiras geriatras do Reino Unido. Por isso, muitos a chamam de mãe da geriatria.

Warren, na década de 1930, observando leitos de um hospital com veteranos de guerra estabeleceu um modelo de atuação voltado para a reabilitação. Assim sendo, seu foco foi a assistência multidisciplinar.

Escreveu importantes artigos chamando a atenção para a especialidade da geriatria e delineou princípios para a melhoria da atenção ao paciente idoso. Warren nunca perdeu de vista o foco na prática das diversas atuações profissionais. Ademais, ela defendeu vigorosamente uma abordagem de equipe para a realização e cuidados integrados que incluíam além do indivíduo em acompanhamento, a sua família e os amigos. Considerando todos como parceiros no tratamento.

Dentre os diversos argumentos de Warren destacamos o foco na prática multidisciplinar para que houvesse um olhar para além de uma avalição clínica. Partindo desta premissa, travou algumas discussões para mostrar que questões ambientais, sociais e funcionais impactavam sobremaneira as condições de saúde do indivíduo. Warren também ressaltou a importância da especialização para os profissionais que assumiam em sua prática a assistência ao idoso

Warren trouxe diversos argumentos reforçando que o olhar aos adultos mais velhos deveria ser distinto do olhar destinado aos indivíduos jovens. Por isso seria necessário levar em consideração as suas necessidades e valores individuais. Se importou em categorizar a atenção com base na cognição, mobilidade, continência, entre outros aspectos funcionais que regem a vida do ser humano. O que tanto definimos como avaliação da capacidade funcional.

A importância da prática multidisciplinar no resgate ou manutenção capacidade funcional

A manutenção da capacidade funcional está associada ao bom desempenho das atividades de vida diária; sejam elas básicas, instrumentais ou avançadas.  Ver mais sobre capacidade funcional

A perda da capacidade funcional pode trazer implicações tanto para o indivíduo que envelhece, quanto para sua família e comunidade de forma geral. Indivíduos com incapacidade têm maiores chances de sofrer com repetidas internações hospitalares, sofrerem mais episódios de quedas, e se tornarem mais dependentes dos serviços de terceiros, entre outros fatores associados. Além disso, o impacto no sistema de saúde é grande. Por isso, é fundamental estar apto para avaliar a capacidade funcional de indivíduos idosos, identificando os indicadores de maior vulnerabilidade. Desta forma, será viável a realização de um tratamento adequado. Totalmente voltado para a reabilitação.

O legado que Warren nos deixa é a a importância da educação continuada. Para a realização de uma assistência de excelência é fundamental atualizar-se, conhecer com profundidade as peculiaridades do sujeito alvo de cuidados. Seguidamente nos deixa como herança os princípios da prática multidisciplinar. A assistência ao idoso não é possível acontecer de forma isolada. Além disso, é imprescindível ter acesso e conhecimento sobre as diversas áreas profissionais com seus objetivos

Referências

Philip D. St. John, MD, FRCPC, and David B. Hogan, MD, FACP, FRCPC. The Relevance of Marjory Warren’s Writings Today. The Gerontologist Cite journal as: The Gerontologist Vol. 54, No. 1, 21–29



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Dia Mundial da prevenção de quedas

Abaixo a apresentação do volume pelo professor Roberto Alves Lourenço

Estudos longitudinais sugerem que a perda de massa muscular é um preditor robusto de declínio funcional que pode ocorrer com o envelhecimento, sendo também um atributo importante para a manutenção da mobilidade e eficiência do movimento. Há forte evidência de que perda de massa muscular é uma causa tratável de incapacidade e que idosos em fase inicial de fragilização são provavelmente os que mais se beneficiam de estratégia de intervenção, no sentido de preveni-la.

Neste fascículo da Revista HUPE, dedicado ao estudo das quedas em população idosa, abordamos no capítulo 1 as alterações na estrutura e função dos órgãos e sistemas que acompanham o envelhecimento humano. Tais alterações serão a base sobre a qual outros fatores atuarão para produzir quedas, que são, sem sombra de dúvida, um produto de múltiplos fatores determinantes e precipitantes. Em vários dos artigos que se seguem (artigos 2, 3 e 4), a associação entre quedas e estes diversos fatores foram extensamente discutidas.

Estes fatores podem estar presentes tanto no indivíduo funcional e cognitivamente comprometido, quanto no indivíduo saudável. Particularmente em relação a estes últimos, a presença de condições geriátricas não diagnosticadas, tais como as síndromes de fragilidade e sarcopenia, acima expostas, podem ser um elemento fundamental para o evento queda, tornando-o um fator precipitante de toda a cascata que leva à perda funcional. Por esta razão, a avaliação acurada – pela história clínica com pacientes e cuidadores, o exame físico detalhado, o uso de escalas de avaliação e de exames complementares deve fazer parte da abordagem do paciente, e foi cuidadosamente discutida nos artigos 5, 6, 7 e 8.

A prevenção e o tratamento dos fatores associados às quedas são visitados mediante abordagens e experiências específicas nos capítulos 6, 7 e 9. Finalmente, como mencionado no Editorial, a partir do presente fascículo, passaremos a publicar artigos em espanhol e inglês. A título de estreia, no capítulo 10, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Geriatría, Distrito Federal, México, além de discutir aspectos clínicos, epidemiológicos e abordagem das quedas, nos brinda com uma revisão do problema nos países latino-americanos, com ênfase na população mexicana.

Acesse o material completo em

http://revista.hupe.uerj.br/default.asp?ed=85#